Encontrei um podcast essa semana que falava sobre formas de se comunicar para ser ouvida.
E uma das técnicas que mais me chamou atenção foi:
“Fale baixo e pausadamente para falar algo importante.”
Fiquei muda.
Minha cabeça gritou um: COMO ASSIM?
A vida inteira me disseram que, pra ser ouvida, era preciso falar alto. Com firmeza. Com postura.
Já ouvi até que eu era demais, demais de intensa, demais de escandalosa, demais de acelerada.
Nunca pensei que o caminho fosse o oposto.
Fiquei imaginando como seria minha vida se tivesse aprendido isso antes. Talvez eu fosse reconhecida pela minha sabedoria, e não pela minha impulsividade.
Talvez parecesse mais centrada. Talvez até mais elegante.
(Coisa que, sejamos sinceras, ninguém nunca disse que eu sou.)
Mas aí veio o alívio: talvez a culpa não fosse minha.
Talvez a gente só tenha aprendido que precisa chamar atenção o tempo todo.
Ser interessante o tempo todo. Ser amada o tempo todo.
(E se alguém não gosta da gente, como assim? A gente é tão legal…)
É esse tipo de pensamento que me visita quando recebo, segunda-feira, às 7h da manhã, uma mensagem da cliente:
“O que a gente vai postar hoje?”
E eu penso: como responder baixinho e pausadamente que eu já mandei o Notion no início do mês, que ela já aprovou, que tá tudo planejado e que aquela pergunta só serviu pra me deixar em pânico logo cedo?
É nessa hora que eu respiro e escrevo:
“ChatGPT, reescreve isso aqui de forma educada pra eu não perder o contrato.” 😅
A real é que ser social media é isso: a gente engole muita coisa.
Engole o ego, o orgulho, a ideia genial que foi recusada.
Engole o medo de estar ficando pra trás, de estar postando pouco, de não ser criativa o suficiente.
É uma profissão feita de ruídos externos e silêncios internos.
Mas sabe o que muda esse jogo?
Postar no próprio perfil.
Essa é a forma mais elegante de falar baixo e ainda assim ser ouvida.
É o jeito de dizer: “eu tô aqui, eu existo, eu tenho algo a dizer”, sem gritar por aprovação.
É o que te permite não depender de um cliente só.
É o que mantém viva a paixão por criar.
Porque não se trata de fugir das responsabilidades.
Se trata de olhar pra tudo de fora e ter ESCOLHAS.
Afinal, não foi pra isso que a gente entrou no digital?